Alfredo Martinho, MD, Editor Inlags Academy
O que faz de uma cidade mais ou menos vulnerável?
Todos estamos confinados há pelo menos dois meses!
Dúvidas e incertezas que nos permeiam o tempo todo.
Uma questão que certamente gostaríamos que nos respondessem seria: “Qual o lugar em que eu poderia estar mais seguro? ”
Numa época em que precisamos nos respaldar com dados e fatos, uma referência importante seria avaliar algum indicador de vulnerabilidade das cidades (municípios).
Esse estudo apresentado na reportagem abaixo demonstrou que número de leitos disponíveis na UTI e de respiradores são indicadores importantes, mas não são os únicos.
Além desses, o IVM considera fatores como:
- Proporção da população idosa,
- PIB per capita e
- Situação fiscal da cidade.
Nesse último quesito, a maioria das cidades brasileiras encontra-se à beira da falência – algumas tiveram ótimo desempenho, vejam:
As cidades brasileiras menos (e mais) vulneráveis à covid-19
Estudo exclusivo coloca São Bernardo do Campo (SP) como a segunda cidade menos vulnerável ao novo coronavírus em todo o Brasil
Por Ligia Tuon
access_time Publicado em: 16/05/2020 às 08h04 – Alterado em: 16/05/2020 às 13h44
Colina, no interior do estado de São Paulo, é a cidade brasileira menos vulnerável à covid-19, doença causada pelo coronavírus, segundo o Índice de Vulnerabilidade dos Municípios (IVM), criado pelo Instituto Votorantim nesta semana para mapear o cenário da pandemia no país.
O estudo, liberado com exclusividade para EXAME, coloca São Bernardo do Campo, cidade da região metropolitana de São Paulo, no segundo lugar seguida de Nova Lima, em Minas Gerais.
Mas o que faz de uma cidade mais ou menos vulnerável? Número de leitos disponíveis na UTI e de respiradores são indicadores importantes, mas não são os únicos. Além desses, o IVM considera fatores como a proporção da população idosa, o PIB per capita e a situação fiscal da cidade.
O Índice varia de 0 a 100: quanto mais alto o valor, maior é a vulnerabilidade.
“Percebemos que o fato de um município ter mais idosos, por exemplo, impacta mais sobre sua capacidade de enfrentar a doença do que sua situação fiscal, já que o governo tem liberado verbas emergenciais durante a pandemia”, diz Rafael Gioielli, gerente-geral do Instituto Votorantim.
Os municípios mais vulneráveis à doença concentram-se nas regiões Norte e Nordeste. Mojuí dos Campos, no Pará, tem a pior situação, seguido de Wanderley e Ibirataia, ambas na Bahia.
Enquanto em Colina há 50 leitos de UTI e 81 respiradores por 100 mil habitantes, Mojuí dos Campos tem 10 para os dois fatores. Já Ibirataia soma 8 leitos de UTI por 100 mil habitantes e 13 respiradores para a mesma proporção, e Wanderley, nenhum leito e três respiradores.
São Bernardo do Campo (SP) e Nova Lima (MG), a segunda e a terceira cidades brasileiras menos vulneráveis, possuem, respectivamente, 27 e 23 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes, e 56 e 41 respiradores na mesma proporção, respectivamente.
Ao todo, o índice tem dezoito indicadores distribuídos em cinco pilares temáticos de diferentes pesos: população vulnerável (peso: 32,35%) , economia local (peso: 11,76%) , estrutura do sistema de saúde (peso: 23,53%), organização do sistema de saúde (peso: 20,59%) e capacidade fiscal da administração municipal (peso: 11,76%).
“O Brasil é um país gigante e tem muitas carências, além de não ter um serviço de saúde pleno. Por isso, esses critérios técnicos nos ajudam a saber onde é mais urgente e relevante investir: no interior de São Paulo ou no Pará”, diz Gioielli.
No levantamento foram usados somente dados públicos de diferentes bases, como a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Sistema Único de Saúde (SUS), Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANSS).
Gioielli conta que, a princípio o índice foi elaborado para basear decisões de investimento do instituto durante a pandemia, mas “percebemos que estava muito robusto e poderia ser uma ferramenta muito útil para formadores de políticas públicas”, diz.
Estas políticas têm variado em intensidade dependendo do cenário de cada local. No Pará, por exemplo, o governador Hélder Barbalho anunciou nesta sexta-feira a prorrogação do lockdown, fechamento total das atividades, em vigor em dez cidades, incluindo a capital Belém, até 24 de maio.
O estado já registrou 10.867 casos de coronavírus e 1.063 mortes pela doença. No Brasil, já são 218 mil casos e 14.817 óbitos segundo o último balanço.
Veja as 10 cidades mais vulneráveis:
Mojuí dos Campos – PA
Wanderley – BA
Ibirataia – BA
Sítio do Quinto – BA
Jussiape – BA
Delmiro Gouveia – AL
Ubaitaba – BA
São Francisco – MG
São Raimundo Nonato – PI
Faro – PA
E as 10 cidades menos vulneráveis:
Colina (SP)
São Bernardo do Campo (SP)
Nova Lima (MG)
Flores da Cunha (RS)
Colômbia (SP)
Cuiabá (MT)
Extrema (MG)
Porto Real (RJ)
Olímpia (SP)
Gavião Peixoto (SP)